segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Saiba Mais Sobre Literatura Infantil





A literatura infantil é destinada especialmente às crianças entre dois a dez anos de idade. O conteúdo de uma obra infantil precisa ser de fácil entendimento pela criança que a lê, seja por si mesma, ou com a ajuda de uma pessoa mais velha. Além disso, precisa ser interessante e, acima de tudo, estimular a criança. Os primeiros livros direcionados as crianças foram feitos por professores e pedagogos no final do século XVII, com o objetivo de passar valores e criar hábitos. Atualmente a literatura infantil não tem só este objetivo, hoje também é usada para propiciar uma nova visão da realidade, a literatura infantil é uma ferramenta fundamental na constituição do leitor, quando utilizada de modo adequado, é um instrumento de suma importância na construção do conhecimento do educando, fazendo com que ele desperte para o mundo da leitura não só como um ato de aprendizagem significativa, mas também como uma atividade prazerosa. Segundo Pires (2000): "A literatura infantil torna-se, deste modo, imprescindível. Os professores dos primeiros anos da escola fundamental devem trabalhar diariamente com a literatura, pois esta se constitui em material indispensável, que aflora a criatividade infantil e despertam as veias artísticas da criança. Nessa faixa etária, os livros de literatura devem ser oferecidos às crianças, através de uma espécie de caleidoscópio de sentimentos e emoções que favoreçam a proliferação do gosto pela literatura, enquanto forma de lazer e diversão".


Através da leitura, a criança se apropria de culturas e saberes historicamente acumulados pelo homem, adquirindo informações que o ajudarão na construção de seu conhecimento. A literatura e conseqüentemente a leitura é um dos caminhos mais viáveis para desenvolver e estimular a formação de idéias, que habilitará o educando para uma escrita concisa e lógica.
Nessa perspectiva, o educador deverá adotar em suas aulas atividades que favoreçam o ler e o escrever, visando dessa maneira, aproximar os alunos pelo prazeroso ato de ler e de construir seus próprios textos. Para isso o professor pode utilizar da seguinte metodologia, trabalhar com o intuito de tornar as aulas significativas e prazerosas, buscando estratégias que oportunizem aos alunos, o desenvolvimento da autonomia da leitura, da interpretação e produção de textos, possibilitando e incentivando a participação dos mesmos em todas as atividades abordadas durante o período em que estiverem em sala de aula, promovendo uma aprendizagem mútua, pois como afirma Freire (2002 p.25): "Não há docência sem discência {...} Quem ensina aprende ao ensinar, e quem aprende ensina ao aprender". Buscando inspiração na afirmação de Freire, procure desenvolver projetos visando oportunizar a participação dos alunos em todos os momentos, fazendo com que eles se sintam parte do processo de ensino aprendizagem. Portanto, o educador deve se policiar para que sua postura seja a de mediador do saber e não detentor do mesmo. Para isso será de suma importância, a troca de informação e a organização do espaço, dando a todos a oportunidade de observar e serem observados, falar e ouvir, criticar e sugerir, pensar para fazer, compreender e ser compreendido.
Com esses propósitos e para alcançar os objetivos, o professor pode utilizar alguns procedimentos metodológicos a seguir:



- Propor jogos relacionados com conteúdos desenvolvidos de formas lúdicas;
- Criar situações para o desenvolvimento da autonomia;
- Criar possibilidade de discussão e debates sobre os temas das atividades propostas;
- Estar sempre atendo aos interesses do grupo.


Dessa maneira, as atividades desenvolvidas na sala de aula estarão voltadas ao desenvolvimento do senso critico, da tomada de decisões e do respeito mútuo dos alunos.
Esta prática tem como objetivo possibilitar o desenvolvimento integral do aluno, oportunizando momentos de aprendizagens, no qual possa torná-la significativa, fazendo com ele se sinta parte ativa do processo ensino aprendizagem.

O professor deve ter claro que a literatura é ludismo, fantasia, imaginação e questionamento e que esses fatores estarão enriquecendo o ato de ler, e que essa qualidade revela a literatura como uma forte aliada do professor, para levar o aluno a compreender os diversos tipos de texto, e compreender a importância da literatura e administra-la bem aos alunos, ajuda a executar uma proposta transformadora da educação.
As escolas, os professores muito têm feito para aproximar as crianças dos livros de histórias, tentando despertar nelas o prazer da leitura. Mas tudo será mais fácil se começar na família. Por mais simpáticos e atenciosos que sejam os profissionais do livro, nada substitui a relação afetiva entre pais e filhos no momento da leitura. Infelizmente, o costume de se contar histórias antes de dormir está se perdendo. A televisão anda substituindo os pais e a leitura. Com a correria do dia-a-dia, os pais nem se dão conta disso. Não percebem o quanto esse momento é importante, pois, enquanto o pai lê e a criança viaja na leitura, cria-se um laço de cumplicidade entre eles. Essa cumplicidade é que aproxima, une e amplia essa relação. Essa criança terá tudo para ser um excelente leitor.
Muitos escritores de livros infantis passam o tempo preocupados em fazer o tempo das crianças ser bem aproveitado, escrevem histórias para os pequenos que muita gente grande gosta. Quando se pensa na literatura infantil brasileira, imediatamente surgem nomes como os de: Monteiro Lobato, Ana Maria Machado, Lygia Bojunga, Ziraldo, Elvira Vigna, Sylvia Orthof, Bartolomeu Campos Queiroz, entre outros, que veiculam em suas obras idéias engraçadas e bem humoradas, recriam situações inusitadas e absurdas que não só divertem o leitor, mas também o levam a refletir sobre a realidade que o cerca. Os escritores procuram estabelecer entre o leitor e o texto uma relação prazerosa de cumplicidade. Eles escrevem para a criança, pensando na criança, tentando uma comunicação com ela.
O livro literário tem que ser atraente, com uma linguagem que flua, e deve despertar a curiosidade e o senso crítico do leitor, dando a ele a oportunidade de tirar as próprias conclusões.


Algumas características dos livros literais infantis:

- Ausência de temas Adulto e/ou não apropriados a crianças. Isto inclui guerras, crimes hediondos e drogas, por exemplo;
- São relativamente curtos - não possuem mais do que 80 a 100 páginas;
- Presença de estímulos visuais (cores, imagens, fotos, etc);
- Escrito em uma Linguagem simples, apresentando um fato ou uma história de maneira clara;
- São de caráter didático, ensinando ao jovem leitor regras da sociedade e/ou comportamentos sociais;
- Possuem mais diálogos e diferentes acontecimentos, com poucas descrições;
- Crianças são os principais personagens da história;
- Possuem um final feliz.


Tipos de Textos

Fábulas

Narrativa alegórica de uma situação vivida por animais, que referencia uma situação humana e tem por objetivo transmitir moralidade. A exemplaridade desses textos espelha a moralidade social da época e o caráter pedagógico que encerram. É oferecido, então, um modelo de comportamento maniqueísta; em que o "certo" deve ser copiado e o "errado", evitado. A importância dada à moralidade era tanta que os copistas da Idade Média escreviam as lições finais das fábulas com letras vermelhas ou douradas para destacar.
A presença dos animais deve-se, sobretudo, ao convívio mais efetivo entre homens e animais naquela época. O uso constante da natureza e dos animais para a alegorização
da existência humana aproximam o público das "moralidades". Assim apresentam similaridade com a proposta das parábolas bíblicas.
Algumas associações entre animais e características humanas, feitas pelas fábulas, mantiveram-se fixas em várias histórias e permanecem até os dias de hoje.

- leão - poder real
- lobo - dominação do mais forte
- raposa - astúcia e esperteza
- cordeiro - ingenuidade

A proposta principal da fábula é a fusão de dois elementos: o lúdico e o pedagógico. As histórias, ao mesmo tempo que distraem o leitor, apresentam as virtudes e os defeitos humanos através de animais. Acreditavam que a moral, para ser assimilada, precisava da alegria e distração contida na história dos animais que possuem características humanas. Desta maneira, a aparência de entretenimento camufla a proposta didática presente. A fabulação ou afabulação é a lição moral apresentada através da narrativa. O epitímio constitui o texto que explicita a moral da fábula, sendo o cerne da transmissão dos valores ideológicos sociais.


Contos de Fadas


Os contos de fadas caracterizam-se pela presença do elemento "fada". Etimologicamente, a palavra fada vem do latim fatum (destino, fatalidade, oráculo).
Tornaram-se conhecidas como seres fantásticos ou imaginários, de grande beleza, que se apresentavam sob forma de mulher. Dotadas de virtudes e poderes sobrenaturais, interferem na vida dos homens, para auxiliá-los em situações-limite, quando já nenhuma solução natural seria possível.
Podem, ainda, encarnar o Mal e apresentarem-se como o avesso da imagem anterior, isto é, como bruxas. Vulgarmente, se diz que fada e bruxa são formas simbólicas da eterna dualidade da mulher, ou da condição feminina.
O enredo básico dos contos de fadas expressa os obstáculos, ou provas, que precisam ser vencidas, como um verdadeiro ritual iniciático, para que o herói alcance sua auto-realização existencial, seja pelo encontro de seu verdadeiro "eu", seja pelo encontro da princesa, que encarna o ideal a ser alcançado.


Estrutura básica dos contos de fadas:

- Início - nele aparece o herói (ou heroína) e sua dificuldade ou restrição. Problemas vinculados à realidade, como estados de carência, penúria, conflitos, etc., que desequilibram a tranqüilidade inicial;
- Ruptura - é quando o herói se desliga de sua vida concreta, sai da proteção e mergulha no completo desconhecido;
- Confronto e superação de obstáculos e perigos - busca de soluções no plano da fantasia com a introdução de elementos imaginários;
- Restauração - início do processo de descobrir o novo, possibilidades, potencialidades e polaridades opostas;
- Desfecho - volta à realidade. União dos opostos, germinação, florescimento, colheita e transcendência.


Lendas

A lenda é uma narrativa baseada na tradição oral e de caráter maravilhoso, cujo argumento é tirado da tradição de um dado lugar. Sendo assim, relata os acontecimentos numa mistura entre referenciais históricos e imaginários. Um sistema de lendas que tratem de um mesmo tema central constiruem um mito (mais abrangente geograficamente e sem fixação no tempo e no espaço).
A lenda tem caráter anônimo e, geralmente, está marcada por um profundo sentimento de fatalidade. Tal sentimento é importante, porque fixa a presença do Destino, aquilo contra o que não se pode lutar e demonstra o pensamento humano dominado pela força do desconhecido.
O folclore brasileiro é rico em lendas regionais. Destacam-se entre as lendas brasileiras os seguintes títulos: "Boitatá", "Boto cor-de-rosa", "Caipora ou Curupira", "Iara", "Lobisomem", "Mula-sem-cabeça", "Negrinho do Pastoreio", "Saci Pererê" e "Vitória Régia".
Nas primeiras idades do mundo, os homens não escreviam. Conservavam suas lembranças na tradição oral. Onde a memória falhava, entrava a imaginação para supri-la e a imaginação era o que povoava de seres o seu mundo.
Geralmente, a lenda está marcada por um profundo sentimento de fatalidade. Este sentimento é importante, porque fixa a presença do Destino, aquilo contra o que não se pode lutar e demonstra, irrecusavelmente, o pensamento do homem dominado pela força do desconhecido.
De origem muitas vezes anônima, a lenda é transmitida e conservada pela tradição oral.


Poesia

O gênero poético tem uma configuração distinta dos demais gêneros literários. Sua brevidade, aliada ao potencial simbólico apresentado, transforma a poesia em uma atraente e lúdica forma de contato com o texto literário.
Há poetas que quase brincam com as palavras, de modo a cativar as crianças que ouvem, ou lêem esse tipo de texto. Lidam com toda uma ludicidade verbal, sonora e musical, no jeito como vão juntando as palavras e acabam por tornar a leitura algo muito divertido.Como recursos para despertar o interesse do pequeno leitor, os autores utilizam-se de rimas bem simples e que usem palavras do cotidiano infantil; um ritmo que apresente certa musicalidade ao texto; repetição, para fixação da idéias, e melhor compreensão dentre outros.

Livros e Sua Faixa Etária



Fases normais no desenvolvimento da criança

O caminho para a redescoberta da Literatura Infantil, em nosso século, foi aberto pela Psicologia Experimental que, revelando a Inteligência como um elemento estruturador do universo que cada indivíduo constrói dentro de si, chama a atenção para os diferentes estágios de seu desenvolvimento (da infância à adolescência) e sua importância fundamental para a evolução e formação da personalidade do futuro adulto. A sucessão das fases evolutivas da inteligência (ou estruturas mentais) é constante e igual para todos. As idades correspondentes a cada uma delas podem mudar, dependendo da criança, ou do meio em que ela vive.


Primeira Infância: Movimento X Atividade (15/17 meses aos 3 anos)

Maturação, início do desenvolvimento mental;
Fase da invenção da mão - reconhecimento da realidade pelo tato;
Descoberta de si mesmo e dos outros;
Necessidade grande de contatos afetivos;
Explora o mundo dos sentidos;
Descoberta das formas concretas e dos seres;
Conquista da linguagem;
Nomeação de objetos e coisas - atribui vida aos objetos;
Começa a formar sua auto-imagem, de acordo com o que o adulto diz que ela é, assimilando, sem questionamento, o que lhe é dito;
Egocentrismo, jogo simbólico;
Reconhece e nomeia partes do corpo;
Forma frases completas;
Nomeia o que desenha e constrói;
Imita, principalmente, o adulto.


Segunda Infância: Fantasia e Imaginação (dos 3 aos 6 anos)

Fase lúdica e predomínio do pensamento mágico;
Aumenta, rapidamente, seu vocabulário;
Faz muitas perguntas. Quer saber "como" e "por quê ?";
Egocentrismo - narcisismo;
Não diferenciação entre a realidade externa e os produtos da fantasia infantil;
Desenvolvimento do sentido do "eu";
Tem mais noção de limites (meu/teu/nosso/certo/errado);
Tempo não tem significação - não há passado nem futuro, a vida é o momento presente;
Muitas imagens ainda completando, ou sugerindo os textos;
Textos curtos e elucidativos;
Consolidação da linguagem, onde as palavras devem corresponder às figuras;
Para Piaget, etapa animista, pois todas as coisas são dotadas de vida e vontade;
O elemento maravilhoso começa a despertar interesse na criança.


Dos 6, aos 6 anos e 11 meses, aproximadamente

Interesse por ler e escrever. A atenção da criança esta voltada para o significado das coisas;
O egocentrismo está diminuindo. Já inclui outras pessoas no seu universo;
Seu pensamento está se tornando estável e lógico, mas ainda não é capaz de compreender idéias totalmente abstratas;
Só consegue raciocinar a partir do concreto;
Começa a agir cooperativamente;
Textos mais longos, mas as imagens ainda devem predominar sobre o texto;
O elemento maravilhoso exerce um grande fascínio sobre a criança.


Livros e sua faixa etária


Principais Autores e Obras

A literatura infantil começou no século XVIII. Nessa época a criança começava, efetivamente, a ser vista como criança. Antes, ela participava da vida social adulta, inclusive usufruindo da sua literatura. As crianças da nobreza liam os grandes clássicos e as mais pobres liam lendas e contos folclóricos (literatura de cordel), muito populares na época, contudo evolui esse tipo de literatura também evoluiu para atingir ao público infantil: os clássicos sofreram adaptações e os contos folclóricos serviram de inspiração para os contos de fadas.
Perrault: “Chapeuzinho Vermelho”, “A Bela Adormecida”, “O Barba Azul”, “O Gato de Botas”, “Pequeno Polegar”, etc.
Irmãos Grimm: “A gata borralheira” (que de tão famosa recebeu mais de 300 versões pelo mundo afora), “Branca de Neve”, “Os Músicos de Bremen”, “João e Maria”, etc.
Andersen: “O Patinho Feio”
Charles Dickens: “Oliver Twist”, “David Copperfield”
La Fontaine: “O Lobo e o Cordeiro”
Esopo: “A lebre e a tartaruga”, “O lobo e a cegonha”, “O leão apaixonado”



No Brasil a literatura infantil deu os primeiros passos com as obras de Carlos Jansen (“Contos seletos das mil e uma noites”), Figueiredo Pimentel (“Contos da Carochinha”), Coelho Neto, Olavo Bilac e Tales de Andrade.
Porém, o mais importante escritor infantil foi Monteiro Lobato. É com ele que se inicia, de fato, a literatura infantil no Brasil.
José Bento Monteiro Lobato nasceu em 1882 em São Paulo. Sua obra consiste em contos, ensaios, romances e livros infantis. Além de escritor, Monteiro Lobato foi tradutor. É considerado, juntamente com outros escritores brasileiros, um dos maiores e mais importantes nomes da nossa literatura.
- Principais Obras
“Urupês”
“Cidades Mortas”
“Idéias do Jeca Tatu”
“Negrinha”
“Reinações de Narizinho” (livro que reúne várias histórias infantis)
“Sítio do Pica-pau Amarelo”
“O Minotauro”


Além de Monteiro Lobato, outros escritores como Ziraldo e Ana Maria Machado também se dedicam ao público infantil.
Ziraldo: “O Menino Maluquinho”, “A bonequinha de pano”, “Este mundo é uma bola”, “Uma professora muito maluquinha”.
Ana Maria Machado: “A Grande Aventura de Maria Fumaça”, “A Velhinha Maluquete”, “O Natal de Manuel”.
Apesar de tudo, a literatura infantil sofre alguns preconceitos, pois muitos escritores negam que suas obras são escritas para os pequenos. Isso nos dá a impressão que essa literatura não é tão importante, se esquecem de que se sua obra for boa e tiver conteúdo, ela poderá influenciar crianças de uma forma positiva.
Muitas obras consideradas adultas foram adotadas pelo público infantil (“As aventuras de Robson Crusoé” – de Daniel Defoe, “Viagens de Gulliver” – de Jonathan Swift e “Platero e Eu” – de Juan Ramón Jiménez), assim como muitas obras do público infantil agradam os adultos (“Sitio do Pica-Pau Amarelo”, por exemplo).
Professores, educadores e pais querem criar em seus filhos e alunos o hábito da leitura, porém, muito adulto não tem esse hábito e usam a falta de tempo e cansaço como uma justificativa para a pouca dedicação aos livros, sem perceber que essa atitude vai tirando o interesse da criança, que no início de sua trajetória de vida via o livro como algo encantador, mágico e cheio de mistério.